domingo, 18 de outubro de 2020

Aesthetics


What is the meaning of this perpetual duet or, rather, antiphony between the two voices, one crying out that the theatre is on the point of death and the other that it is just about to be born again? Is not the explanation to be found in the simple fact that the drama is an art and shares the primary aim of all art, which is – whatever Tolstoi may urge to the contrary – to give pleasure? And this pleasure of art, it must be borne in mind, is in the first instance – whatever higher forms it may take in the long run – a pleasure of the senses. It is not the intellectual pleasure of solving a proposition of Euclid, nor is it the moral pleasure of letting a good deed shine in a naughty world. A picture, whatever else it does, must first please the eye, a piece of music must first please the ear. And pleasure of the senses is only to be had at the price of perpetual change; for it is an elementary physiological law that the mere repetition of the same stimulus will not be followed by the same pleasurable reaction.

in Times Literary Supplement, nr 1, pág. 6 

sábado, 19 de setembro de 2020

Levamos anos


It takes us years
To forget someone
who merely glanced upon us

José Tolentino de Mendonça

Seu vestido de Verão


Your summer dress
Without you in it
Is not a summer dress
Because in that dress the summer
Was you

Ana Martins Marques

sábado, 27 de junho de 2020


I sing because the instant exists
and my life is complete.
I'm not happy neither sad:
I'm a poet.

Cecília Meireles

1978. What else shall I do but commemorate myself, for I'm no good to anyone else's commemorations, and sometimes even ruin a few of them?

Jorge de Sena

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

"Esse filho só de sangue"



That son made of blood that runs down your legs
is me. We could've taught him the words, but
his name is now all blood. We could have
shown him the sky, but his eyes are now all blood.
We could've held his hand inside
ours, but his hand is now all blood. That son
all blood that runs down your legs and dies
is me, my blood and my memory.


José Luís Peixoto (translated by me)

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

De regresso a esta casa, para arquivar "nube" (na nuvem) uma parte daquilo que por aqui se vai escrevendo...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015




Depois de falar, a voz virou-se para mim, olhou-me nos olhos e perguntou-me: "por que razão haveria eu de dizer isto? Não me consegues imaginar uma conversa melhor?"

terça-feira, 27 de maio de 2014

Phaedri Fabulae







Este é um dos volumes que mais me empolga por uma razão muito simples: de todas as pesquisas que tenho feito no catálogo online da Biblioteca Nacional, nunca encontrei esta edição nos resultados. Portanto, Fedro editado em Portugal, sem que haja um exemplar na Biblioteca Nacional!


sábado, 14 de setembro de 2013




Doria, João Antonio de Sousa. Compendio de Historia para uso das escholas. 2 vols. Vol. 1. 11ª ed. Coimbra. Livraria de J. Augusto Orcel: 1878.





sexta-feira, 30 de agosto de 2013



Sempre me aprazeu a companhia dos livros. Mais do que passar as suas folhas na leitura do texto, o verdadeiro prazer do livro é, para mim, o livro. Mais eficaz que qualquer remédio, ou qualquer bebida espirituosa: interromper o trabalho, virar-me para trás e saber que todos eles estão ali. Os companheiros sem corpo também parecem partilhar do meu gosto; talvez, o nosso gosto. Por isso, naturalmente compro livros. Não todos os que gostava de ter, mas o dinheiro não estica e escapa facilmente demais. Não todos, mas todos os que tenho foram adquiridos com muito gosto; no acto do pagamento, uma sensação talvez semelhante a quem compra um maço de tabaco... Sim, provavelmente os livros são o meu vício, uma vez que não fumo, nem bebo compulsivamente. Entre os livros que tenho podido comprar alguns já não estão abrangidos pela lei do copyright (correcta ou errada, não sou a pessoa mais capacitada para o dizer).
Ora, tendo-me recentemente apetrechado de material de digitalização, consegui passar para formato digital alguns desses livros, sendo que o objectivo é digitalizá-los a todos. Mas, para não ter que os levar a todos num dispositivo portátil, poderei contudo acedê-los de forma rápida e em qualquer lugar, uma vez que os vou pôr todos "na nuvem"; também reduz significativamente o uso que faço deles, pois para os ler não tenho que abrir os volumes, alguns em condição delicada. Só os que acima mencionei, fora do copyright, é que decidi partilhar aqui.
Neste post, apresento o link para uma parte do Burro de Ouro de Apuleio, que é o romance dos amores de Cupido e Psique, na tradução para francês de Landon. Outros se seguirão.

Apuleio. Les amours de Psyché et de Cupidon. Trad. por C. P. Landon. Paris. Typographie Firmin Didot: 1872.







 

domingo, 20 de janeiro de 2013

Homofonia





Talvez esteja a ser pouco condescendente se, num livro de mais de 1500 páginas, ache estranho haver um erro; certamente haverão alguns que passarão o escrutínio de quem reviu o texto, mas algo me diz que um erro assim é sempre lamentável, por mais milheiro menos milheiro de páginas que o livro tenha. A obra em questão é esta, a página é a 329, e o parágrafo onde o erro facilmente se encontra é o que, na imagem acima, começa com «A Liberdade de imprensa». Aparte tudo isto, um grande estudo, em tamanho e, para já, em qualidade, sobre um assunto que me agrada bastante: o fim da Idade Média em Portugal (sim, sou da opinião de Le Goff).

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Very well, Milord...

 
 
 


 
 
 
O que me parece que todos, na Europa (incluindo os nossos governantes, porque julgam que não serão também eles atingidos), querem fazer de Portugal está bem metaforizado nesta série: o objectivo de toda esta "crise", exagerada quando dá jeito, igonorada quando não convém, é fazer do nosso país um lar para os reformados ricos do Norte europeu; como o dinheiro deles vale mais do que o nosso (e é tão conveniente que seja o mesmo, para evitar a maçada dos câmbios), vêm desfrutar do nosso clima, das nossas praias, da nossa terra - nessa altura, esperam eles, será a terra deles... E o povinho português, tão facilmente submisso, não passaria de footmen e housemaids... Não haverá um motorista que desfaça esta ordem?

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Métrica



Todos quantos escreveram em metro, em rima ou em estrofe, sabem que esses elementos regulares sugerem coisas que não estavam no pensamento original, sabem que são elementos activos em compelir o pensamento e a sua expressão a seguir um caminho que, salvo eles, não seguiria. Ora, se eu sinto profundamente uma coisa e a quero dizer profundamente, para que os outros a sintam profundamente, não quero ser desviado dessa profundeza com que sinto porque a palavra «amor» não rima com a palavra «queijada», ou porque «cebola» tem que ser «nabo» num ponto onde só cabem duas sílabas, ou porque «ontem» é um espondeu e tenho que pôr «pálido» para dar dáctilo.

Álvaro de Campos

sábado, 1 de dezembro de 2012



— Souvent, me dit-il, en parlant de ses lectures, j’ai accompli de délicieux voyages, embarqué sur un mot dans les abîmes du passé, comme l’insecte qui flotte au gré d’un fleuve sur quelque brin d’herbe. Parti de la Grèce, j’arrivais à Rome et traversais l’étendue des âges modernes. Quel beau livre ne composerait-on pas en racontant la vie et les aventures d’un mot? Sans doute il a reçu diverses impressions des événements auxquels il a servi ; selon les lieux il a réveillé des idées différentes; mais n’est-il pas plus grand encore à considérer sous le triple aspect de l’âme, du corps et du mouvement? A le regarder, abstraction faite de ses fonctions, de ses effets et de ses actes, n’y a-t-il pas de quoi tomber dans un océan de réflexions? La plupart des mots ne sont-ils pas teints de l’idée qu’ils représentent extérieurement? À quel génie sont-ils dus! S’il faut une grande intelligence pour créer un mot, quel âge a donc la parole humaine? L’assemblage des lettres, leurs formes, la figure qu’elles donnent à un mot, dessinent exactement, suivant le caractère de chaque peuple, des êtres inconnus dont le souvenir est en nous.

Honoré de Balzac, Louis Lambert