quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

esse filho só de sangue que te escorre pelas pernas
sou eu. podíamos ter-lhe ensinado as palavras, mas
o seu nome é agora de sangue. podíamos ter-lhe
mostrado o céu, mas o seu olhar é agora de sangue.
podíamos ter fechado a sua mão pequena dentro da
nossa, mas a sua mão é agora de sangue. esse filho
só de sangue que te escorre pelas pernas e morre
sou eu, o meu sangue e a minha memória.
José Luís Peixoto