quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Everything Invaded

A ternura, o desejo e nós, o medo, estávamos definitivamente soltos. O mundo existia em cada um dos momentos. As palavras estavam dispostas sobre os objectos que nomeavam. Ele e ela, ao olharem-se, atravessados por tudo, poderiam ter dito a palavra amor. Era uma palavra que estava diante dos seus rostos, misturada com os seus olhares. Mas, por isso, era uma palavra que já não poderiam saber porque, a partir desse momento, nós atravessámo-los para sempre. E nem ele, nem ela sabem o significado mais profundo daquilo que os invade. Os homens não sabem o significado daquilo que os invade. A terra sabe. O sol sabe. O tempo sabe. Nós sabemos.

José Luís Peixoto, Antídoto