terça-feira, 26 de maio de 2009

Pousas nos meus ombros as mãos agastadas pelos dias, e os braços perdem-se no cansaço. Um suspiro teu, quase inaudível, pergunta-me o porquê de tanto trabalho. Minha linda, deixa-me abraçar-te: acompanha as minhas mãos que atravessam as tuas costas e se cruzam bem na coluna, e depois dançam lentamente por todo o teu tronco. Assim bem perto, olhamo-nos nos olhos um do outro, entramos um no outro até às almas que se amam, e aí descobrimos que somos parte do Universo sem fim. Tal como ele é acção constante e harmoniosa, assim temos também de ser. O trabalho é o nosso treino para sermos infinitos. Temos de ser cada um o seu próprio Universo, infinito de beleza e perfeição, para podermos ser parte do todo a que pertencemos. O melhor exemplo para tal é Jesus, e o primeiro bem infinito que eu e tu partilhamos é o amor do reino que não é deste mundo.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

No teatro do mundo, a minha passagem actual não foi desenhada com a tua; os nossos caminhos nunca se cruzaram. E no entanto é a tua energia, é o teu amor que, maravilhado, vejo diluir-se no contributo da nossa Terra para o progresso da Criação. Possa eu um dia conseguir dar aos outros a imensidão que tu nos dás; e que a beleza sem fim que vejo emanar de ti (porque assim és), eu desejo que não seja nada perante tudo o que ainda serás! Incessemos o milagre da partilha dos mais nobres sentimentos com que Deus, ao gerar-nos para o Infinito, nos dotou. Finalmente nos libertamos da distância para onde nos projectámos quando nos afastámos dEle; a pouco vamos ganhando, pelas nossas lutas, pela aplicação das leis insuperáveis do Universo, alguma paz; e tudo aquilo que nos é mais precioso à luz da vida sem fim, tudo isso daremos a todos quantos ainda vagueiam na incerteza. Nada do que nos é dado é para nós; é-nos dado para partilharmos - porque também foi partilhado para nós: é esse o exemplo máximo do Cristo, na convivência da sua Ceia.
Os teus modos são uma caixa onde escondes a fraqueza que, tal como eu, tens. A toda a hora me agrides, me feres a integridade, mas naqueles momentos que menos esperas mostra-se a tua infância. És ainda uma menina, num corpo cravado de vida difícil; eu sou um menino num corpo ainda sem vida como a tua.