sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Podes até ir no mar de gente que passa por mim, mas sinto-te longe - porque não estás aqui para preencher o vazio do meu coração. Não quero estar aqui, nem nos lugares onde não estás; estaria aqui com todo o gosto, se também estivesses; mas de ti só há neste momento, neste lugar, nestas ruínas que sou, só há a tua ausência. Mais ninguém me dá a alegria que tenho quando te vejo, quando posso mergulhar o meu ser na visão do teu. Ninguém é como tu, seria difícil para um pobre mortal querer atingir a tua altura. Tudo isso me dói, porque se eu ando no meio deles, e tu não, se eu pertenço ao grupo das gentes que nunca serão como tu, é porque eu sou como eles, sou tão ingrato de ti como todos. Mas tenho algo que os outros não têm: gosto de ti, admiro-te mais que a tudo. O que é que de especial isso me pode dar? A dor de sofrer por ti. Nestas ruínas que outrora já foram majestosas, coloridas, alvo de admiração de milhares de pessoas, defendidas até à morte da cobiça de gentes estrangeiras - por entre estes bocados de pedra quebrados ou agastados pelo tempo, às vezes parece-me que algum pequeno cálculo tem os ângulos curvos dos teus olhos de amêndoa: mas não são os teus olhos, não têm a cor que tu tens quando ris, quando a tua boca se rasga dessa forma única. Depois, a sombra que alguns bocados, ainda em cima de outros, fazem, que ao vento brando e seco parece ter a forma da tua quando andas e transportas contigo a beleza que só tu tens. Estás constantemente ausente no meu pensamento.

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