domingo, 14 de agosto de 2011


É um estado de convalescença. Há uma guerra dentro de mim, como se fosse a cura de uma doença, mas não daquelas de que os médicos se dizem especialistas. Esta doença não tem cura porque não é uma doença. Estou na sua convalescença, mas sei que voltará, sei que em breve estarei de novo sob o efeito da sua febre, com os delírios próprios desse estado doentio. Imaginar-me-ei igual aos outros, e julgarei que sou possível como alguém, iludir-me-ei com a fantasia de um futuro vulgar, ao lado de alguém que me ame com o amor com que as pessoas normalizadas se costumam amar. Mas depois tenho de tratar novamente dessa doença, amainá-la, reduzi-la para não se alastrar a níveis que ponham em risco o que de mim há ainda são. Sei que dentro de pouco tempo haverá outro rosto, que o parasita que habita em mim (e que sou eu próprio) acordará outra vez, e será necessário aplicar-lhe novo tratamento para a guardar até à vez seguinte. Estou em convalescença de ti.

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