quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

 
 
Até que chegou o dia e foi internada. Fui com ela à maternidade, Flora entrou por ali dentro como rainha. Escolheu o quarto com certa dificuldade de escolha. Porque havia o ruído da rua e as traseiras dos prédios com os canos saídos como varizes. E os do meio eram mais lúgubres. Ficou num que tinha sol e um pouco de tráfego para ouvir. Eu ia lá todos os dias mas ela não aprovava:
- Venha só no dia próprio - disse-me.
O dia chegou, eu fui. Estive lá até à noite e havia o jornal da minha obrigação. O pai de Flora era o meu director, era viúvo, apareceu também, mas tudo afinal estava ainda atrasado. O pai de Flora saiu, eu fiquei ainda, até que saí também. Ia despedir-me e dar-lhe um beijo mais íntimo. Flora disse-me:
- Seja casto.

Vergílio Ferreira, Até ao fim

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