sábado, 7 de janeiro de 2012

Futur proche



Cheguei a casa. Na sala, ocupando o sofá, o teu corpo estendido na brandura de um sono calmo. O rosto virado para o ombro direito, com os cabelos soltos para trás do pescoço. As linhas agressivas do nariz a desaguarem na boca desprotegida. Os braços, lançados para distâncias próximas, levantam a camisola do pijama que, ondeada pelos ossos do ventre, insinua a planura delicada que ladeia o vulcão do umbigo. O peito, revelado por três botões abertos, move-se na mecânica serena do ar que te renova o corpo, e o volume sóbrio dos seios arranca a descida vertiginosa pela cintura apertada. Antes do elástico das calças, a cor fogosa da peça interior estica-se pouco acima das tuas cores íntimas, e as pernas, após a breve curva dos joelhos, expandem-se no assombro da linearidade vítrea dos pés frágeis. Deixo a mala no chão, o casaco em cima dela; descalço um pé com o outro e alivio as calças. Junto-me a ti; estou em casa.

Sem comentários:

Enviar um comentário